O histórias de casa faz um trabalho encantador: com uma sensibilidade ímpar e um olhar único para o universo da decoração, transformam lares e mostram toda a vida que habita um infinito de casas. o blog tem uma parceria única com a branco – e você confere, abaixo, algumas das nossas histórias favoritas, descritas por eles.
O encanto do apartamento da Carla e do Nicolas começa de fora para dentro: isso porque eles já eram apaixonados pelos prédios do bairro de Higienópolis antes mesmo de se mudarem para lá. O casal se conheceu pelo Tinder e, desde o primeiro encontro, nunca mais conseguiu ficar separado, tanto que, no início de 2020, a decisão de morar junto chegou naturalmente. “Ambos vivíamos com amigos e em apartamentos bem gostosos, então quando resolvemos morar juntos, sabíamos que teria que ser em um lugar muito bacana, por isso começamos a dar uma olhada sem pressa e a sonhar bastante”, conta Carla. Por fim, quando surgiu a oportunidade de se mudarem para um apê tão legal no icônico Edifício Lausanne, as coisas não poderiam ter se encaixado melhor.
No dia da primeira visita, assim que entraram no imóvel, Carla e Nicolas se depararam com uma sala ampla e iluminada pelas janelas características da fachada do prédio. Por ser um apê térreo, as plantas do jardim do lado de fora deixavam o clima ainda mais especial e foi paixão à primeira vista. Para melhorar, o espaço já estava reformado, com uma cozinha moderna, mas mantendo os tacos e paredes arredondadas na sala, então eles só precisavam levar suas coisas e se acomodar. Até então, a mudança seguia os mesmos caminhos de qualquer outra, mas com apenas uma semana de casa nova, a quarentena chegou: “Nem tivemos a oportunidade de viver uma rotina normal. Por outro lado, tivemos tempo suficiente para avaliarmos cada parede e pensarmos em absolutamente tudo o que queríamos fazer. Fomos pendurando alguns quadros, comprando outros, refletindo sobre os pequenos detalhes que faltavam para a casa ficar com a nossa cara”, lembra o casal.
Para a decoração, eles não planejaram nada específico, mas sabiam que queriam ter cores, artes, muita vida e clima de casa, então misturaram os elementos que gostam sem pensar muito na coesão. Na sala, o sofá verde de veludo e as poltronas reformadas que pertenceram à avó do Nicolas foram o ponto de partida para toda a composição. A partir dessas peças, os moradores foram pensando no que ficaria bonito e deixaria o espaço ainda mais gostoso. Sem precisar de pressa, os dois construíram tudo bem aos poucos, à medida que encontravam algo que completasse cada ambiente, mas sempre deixando lugar para vontades e desejos futuros, como aquele quadro que ainda não conheceram, mas já tem um cantinho garantido na parede. No fim, eles consideram que a casa é uma mistura de modernismo, brasilidade e nostalgia.
O hall de entrada recentemente ganhou o papel de parede clássico tropical, da marca branco., que deixou o clima ainda mais acolhedor. “A possibilidade de colocar um papel de parede estampado junto à pintura da mãe do Nico e aos outros elementos em tons terrosos acendeu uma luz para nós. Sabíamos que ficaria bem impactante e era exatamente este efeito que queríamos. Como todas as paredes da casa são brancas, esse canto ganhou um destaque”, conta Carla. As plantas e esculturas de madeira espalhadas pelos cômodos dão continuidade à essa atmosfera e povoam o apartamento de vida, lembranças e pequenos prazeres: “Temos essa coisa de ficar paquerando os objetos e imaginando eles aqui em casa. Esses mimos que fomos nos dando são frutos de um processo muito gostoso de construção do ambiente que queríamos viver”.
Na mudança, a cachorra Madalena veio junto com a Carla, que na verdade tem uma guarda compartilhada com o ex-namorado. A moradora brinca que, como Madalena tem duas casas, ela não poderia ser mais mimada por seus tutores: “É um grudinho que vai aproveitando tudo com a gente. Fora que, como o apartamento é grande, tem bastante espaço para jogar bolinha e correr de um lado para o outro”, ela conta.
Nicolas e Carla acreditam que se sentir em casa tem a ver com estar confortável em qualquer ambiente, de qualquer maneira, a qualquer hora do dia, e — ainda que não se lembrem tão bem da sensação de chegar em casa após um dia inteiro fora por conta da quarentena — eles sabem valorizar a segurança emocional de terem sido acolhidos tão bem. “Enchemos nossa casa de amuletos, memórias e locais onde podemos sentar e deitar justamente para torná-la inteira um espaço em que o bem-estar prevalece”.
Para a Carla e o Nicolas, a quarentena chegou logo na primeira semana de casa nova, então a decisão de morar juntos veio em dose dupla. Além de dividir o apê, eles passaram a compartilhar toda a rotina, afinal, ambos estão trabalhando em home office e transferiram suas atividades para dentro do lar. No fim, essa condição trouxe ainda mais união para o casal: “Nós geralmente trabalhamos cada um num cômodo, mas o isolamento e o fato de atuarmos em áreas parecidas fez com que conversássemos muito mais sobre trabalho, sobre a vida e até nos arriscássemos na cozinha”, eles contam.
Toda a mudança de rotina por conta da pandemia aconteceu conforme eles construíam a decoração e os afetos da casa. Não faltou tempo para se atentar a cada detalhe na disposição dos objetos, povoar lentamente cada espaço ou se espalhar no sofá para jogar vídeo game nas horas vagas. “Acho que a maior diferença em relação à vida antes da quarentena foram as saídas, principalmente para shows, que é algo que fazíamos com muita frequência e, agora, é tão distante. Também comíamos muito fora e amávamos ir aos bares por perto de onde morávamos antes. Isso foi algo que acabamos trazendo para casa: pedimos cerveja e petiscos aqui mesmo, colocamos shows ou músicas no Youtube e ficamos curtindo na nossa. Além disso, aumentamos bastante a frequência com a qual cozinhamos, estamos aprendendo novas receitas e nos aventurando — nem sempre com sucesso — em pratos que vemos na internet”, conta o casal.
Antes de se mudarem para o endereço atual, nenhum dos dois havia tido um espaço tão delimitado para a sala de jantar, por isso ambos se animaram com a ideia de planejar o ambiente com cuidado. Para não ficar um clima muito formal, eles resolveram comprar cadeiras diferentes e criar a sensação de que não existe um lugar fixo para ninguém. Já a mesa veio da casa dos pais de Nicolas, assim como o quadro pintado por sua mãe, baseado em afrescos romanos de Eros em Pompéia e Herculano. Apesar de sonharem com o momento de ter a mesa cheia, recebendo amigos para um open house, eles sabem muito bem aproveitar o espaço sozinhos, seja para refeições ou transformando o cômodo em um ateliê, com pincéis e tintas para a criatividade fluir.
“Essa casa é sincretismo puro, mas acho que temos referências complementares que se casam perfeitamente. O Nico tem um gosto bem forte por decoração e objetos de viagens, já eu amo bastante a natureza e o cuidado com as plantas, então fui trazendo o verde. Por fim, a arte é algo que une ambos, tanto pelo Nico vir de uma família com mãe artista plástica, como eu ter um olhar curioso e amar realizar projetos pessoais em fotografia, colagens e artes visuais”, Carla diz.
No quarto, o casal aproveitou o janelão e a vista para o jardim do prédio para se apropriar da vegetação e continuar o clima com jeito de praia e interior do lado de dentro. Para eles, atmosfera do espaço é como a de um quarto de hotel no litoral, onde eles podem voltar depois de um dia de sol, se esticar na rede e aproveitar uma vista gostosa de natureza entre plantas, móveis rústicos e toda a decoração que traz as sensações de conforto e brasilidade.
Entre todas as atividades que dão forma ao dia a dia no apê, os principais rituais de bem-estar sempre envolvem música, amor e conversa. Frequentemente, Carla e Nicolas abrem um vinho ou algumas cervejas e fazem uma sessão de clipes, compartilhando as novidades e garimpos musicais que descobriram na semana. Outro ritual se dá com os brunches: entre comes e bebes, eles se perdem no tempo e papeiam sobre seus sonhos possíveis e impossíveis.
É essa somatória de desejos, realizações e momentos que fazem da casa tão especial. “A gente acabou encontrando nela tudo que sempre quisemos e colocamos todas nossas histórias e bagagens de uma forma muito orgânica e harmoniosa”, conta o casal. Em um contexto de mudança um tanto quanto extraordinário, o lar se tornou um porto seguro ainda maior: um lugar onde Carla e Nicolas se sentem confortáveis para estarem juntos e sem filtros.
Texto por Yasmin Toledo | Fotos por Maura Mello