“Minha terra tem palmares…” é assim que Oswald de Andrade inicia o poema Canção de Regresso à Pátria, uma paródia à poesia Canção de Exílio, de Gonçalvez Dias. Logo, no começo, o nacionalismo crítico é percebido pela troca da palavra “palmeiras” por “palmares”, remetendo assim às complexidades sociais, que, até antes, pareciam não ter tanto destaque em expressões artísticas brasileiras.
Toda essa ruptura com o nacionalismo romântico marca a Semana da Arte Moderna, em 1922, cheia de críticas, concebidas por uma vanguarda de artistas inquietos, pulsantes e responsáveis por introduzir tonalidades apreciadas e utilizadas até hoje.
Entendendo um pouco mais sobre a semana da arte moderna
O Sol estava em Aquário durante a Semana da Arte Moderna, assim, como as características desse signo do zodíaco, era de se esperar que uma revolução em direção ao futuro e a quebra de paradigmas acontecesse. Para isso, a pintura, música, literatura e, também, arquitetura foram expoentes dessa efervescente exaltação da pluralidade brasileira.
Foi no Teatro Municipal de São Paulo que o modernismo nascente ganhou uma forma mais sólida, apresentando sua proposta de inovar as linguagens artísticas. Esse anseio pelo novo dialogou também com os movimentos modernos europeus.
Dentre os nomes que fizeram parte da Semana da Arte Moderna estavam Anita Malfatti, Oswald de Andrade, Guiomar Novaes, Mário de Andrade, Di Cavalcanti e muitos outros que contribuíram no olhar crítico das tradições da arte erudita, clássica e romântica.
Artista: Anita Malfatti/ Obra: O Farol de Monhegan.
Artista/ Pianista: Guiomar Novaes.
Escritor: Oswald de Andrade.
Artista: Di Cavalcanti/ Obra: Devaneio.
Escritor: Mário de Andrade/ Obra: Macunaíma.
a herança da semana de 22 e a arquitetura
A busca por uma identidade brasileira guiou a Semana da Arte Moderna, mas não começou ali, uma vez que esse movimento já havia sido iniciado há alguns anos. Em relação à arquitetura, a industrialização do Brasil cobrava por soluções práticas, com isso tanto os alicerces do período colonial e a busca pelo novo pareciam trilhar um mesmo caminho: o futuro.
O espírito vanguardista do arquiteto Antonio Garcia Moya impulsionou a sua participação na Semana da Arte Moderna. Uma arquitetura com formas geométricas foi a base dos desenhos apresentados que, mais tarde, inspirariam nomes como Warchavchik e Niemeyer.
As obras idealizadas por Antonio, na semana de 22, tinham uma grande influência pré-colombiana e mesopotâmica, havendo também uma aproximação com a arquitetura árabe presente no sul da Espanha, local de seu nascimento.
Antônio Moya não foi o único arquiteto desse evento, o polonês Georg Przyrembel também apresentou projetos que tinham como demarcador a arquitetura neocolonial. O Palácio da Boa Vista e a nova Basílica de Nossa Senhora do Carmo, reformada pelo arquiteto, são consideradas hoje suas contribuições mais relevantes.
A valorização das raízes nacionais foi uma semente plantada na semana de 22
Voltar os olhos para o Brasil foi o ponto de partida para os artistas que participaram da Semana da Arte Moderna. Estimular a consciência crítica, humanizando questões sociais como desigualdade, resquícios da escravidão e a vida dos retirantes ajudou a compreender a potencialidade regional, onde a arte também servia como uma denúncia para injustiças e apagamentos históricos.
O resultado disso é o início de uma estética que serviu como alicerce para o renascimento de uma identidade brasileira mais próxima da realidade e que traduzia a complexidade do País em formas e cores.
A artista gráfica e pernambucana Joana Lira faz parte do grupo que contribui para as criações da branco., algumas características de suas obras são claramente influenciadas por um processo de resgate que começou na semana de 22, sendo elas: a vivacidade, entusiasmo e brasilidade, que recriam grafismos indígenas, silhuetas de mandacaru, entre outros elementos que celebram o Brasil.
A semana de 22 inspirou você? que tal se inspirar ainda mais exaltando a beleza da casa brasileira com as opções de decoração da branco.?